segunda-feira, 14 de julho de 2008

Tráfico de azuis nocturnos


No silêncio inquietante das noites,

entre as fases da lua e o mapa das rugas

que se acumulam em sulcos na pele,

vamos traficando voos feitos de azul...


Rasgamos o quotidiano inerte e branco

com pinceladas secretas da cor visceral,

é um azul-noite tirado das fráguas distantes,

o mesmo que as aves nocturnas catam nas asas

e nós sentímo-lo nos dedos, garras inquietas,

desenhando palavras que o íntimo dita,

para além do nosso corpo, para além

do racional que a nossa mente suspeita ver.


Sim, este foi mais um voo azul, nocturno,

traficando aquilo que não é sensível aos olhos...

e mesmo estas palavras parecem falsas para revelar

a plenitude alada destas noites brilhantes e secretas.

Sem comentários: