domingo, 20 de novembro de 2011

Ansiólitico


Ansiolítico

As raízes frias enterram-se arenosas
ramificam-se cada vez mais frágeis,
raquíticas e podres avançam febris
nas convulsões freáticas do chão.

Abro o frasco pacificamente incolor e
de um sorvo engulo mais uma promessa,
um milagre capaz de tirar das entranhas
todas os bolores de uma vida soterrada.

Os olhos procuram-me no vazio, esfumando-se
e com gritos e dor, ao lado dos pulmões abertos,
as costelas rompem-se lancetando os ossos
ai, rompem duas asas negras, parindo-me.

Finalmente repouso, descanso em paz
Voo daqui e no canto levo-me na bagagem…