sábado, 14 de junho de 2008

Lírios


Entre um olhar e um sorriso

a idade inocente dos lírios,

adocica o ar morno da sala

e apesar das janelas metálicas

despontam braços alados

elevando-me além dos telhados,

além das convenções diárias

dos papéis definidos e pardos.


Na ignorância deste mistério

esfuma-se um perfil de anjo,

fingindo-se chama diabólica

enigma de pássaro tímido,

que nas margens dos outros

se torna presente aqui:

entre os lírios da jarra

e as palavras luminosas

que os copos mudos bebem,

entre um golo e um olhar

perdido na noite solitária,

ruída pela fome de afecto.

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