quarta-feira, 18 de junho de 2008

Beijo


Ondula no grito das asas e

no sopro do vento nómada

um beijo cego, mudo, nervoso,

há muito prometido e omitido.

Foi vagarosamente esculpido

a frio, nas ondas nuas do mar

e na lava cinza que ali petrificou.


Ele envenena boca a boca,

exterminando todas as certezas

num abismo galáctico de carne.

Espreita numa nesga de medo

entre o olhar e a noite, confiante

que acabará com tudo o que és,

deixando em aberto tudo o que não serás.


É o beijo final, epílogo da última amante,

é o beijo fatal, o sopro vertiginoso da morte.

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