quinta-feira, 16 de abril de 2009

Poema com vista para um castelo de areia





Outrora fomos uma enseada dourada
com cheiro a sal forte e a peixe arredio,
com pegadas de búzios náufragos, espiadas
por gaivotas ansiosas entre marés cheias.

Hoje pego em ti com as mãos de concha
e construo com a areia triste, molhada,
torres e muralhas num castelo de exílio
renovando à força a espuma do passado,
entre os pés incautos dos veraneantes
que passam e de nada suspeitam, para além
daquele castelo inconsistente de areia.

A maré alta de mim destrói-o totalmente
e dele ficou só este poema arenoso virado
para um castelo de areia que só existiu
porque te imaginei encerrado dentro dele.

Mas na verdade, de ti, só ficou este mau poema
feito num dia sem praia, veraneantes, ou sol...

3 comentários:

alexandra disse...

E dizes tu que "só ficou este mau poema feito num dia sem praia, veraneantes, ou sol..."? Eu adorei mais este teu poema, belíssimo mesmo que "sem praia, veraneantes, ou sol..."...

Beijinho.

alexandra disse...

Visita, no site abaixo, "Entre o sono e o sonho" (canto superior direito):

http://www.portallisboa.net/


Beijinho!

Anónimo disse...

Daqui vejo uma princesa a fingir de sereia
Daqui vejo-me a mim em pedaços de criança
Daqui vejo-me um príncipe e um castelo de areia.

livrodeanúncios.blogspot.com