domingo, 12 de outubro de 2008

Abismo


Abismo

Rio
correndo
serra abaixo,
saltando
afogando
esgueirando-se
entre mim e ti.
Somos
projectados
em cascata
que caí continuamente
sem vermos o fim.
No precipício
há uma gruta sem luz,
onde não entramos
onde recusamos
onde evitamos:
ser eu;
seres tu.


Na escuridão há fontes,
mas as mãos não estão em concha,
não nos matam a sede,
não nos sossegam as dúvidas.
Apenas relembram
o frio da serra
e a lua que lambemos
à falta de pão
à falta de vinho
à falta da nossa carne,
exposta nua à luz,
perdidos
em caminhos tortuosos
da mente em cascata
e em rios de renúncia .

Prontos?
Sim !
E saltamos para o abismo...

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