sexta-feira, 20 de abril de 2012

Rizoma

A raiz com dedos antropomórficos
Remexe a terra, rasgando veias de seiva,
São rizomas secretos prontos a parirem
sem sangue, suor ou dor uma nova planta.
Esta aqui é uma Espada de São Jorge
pronta a matar, envenenando os poros
subterrâneos da pele em metamorfose,
é uma arma verde e amarela acutilante
Pronta a ramificar até ao olhar de pedra.

Outro rizoma avança do caule assexuado
É um casulo de um lírio-de-paz silvestre,
Ou uma crisálida de orquídea violácea
Que procura rasgar e pousar na sombra
De duas cinturas de basalto e calcário,
lá além, onde o rio subterrâneo toca
a cal e cai por gargantas nervosas,
silenciosas que estrangulam as palavras
até à dor das minas sufocantes, castradas.

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