
Ondula no grito das asas e
no sopro do vento nómada
um beijo cego, mudo, nervoso,
há muito prometido e omitido.
Foi vagarosamente esculpido
a frio, nas ondas nuas do mar
e na lava cinza que ali petrificou.
Ele envenena boca a boca,
exterminando todas as certezas
num abismo galáctico de carne.
Espreita numa nesga de medo
entre o olhar e a noite, confiante
que acabará com tudo o que és,
deixando em aberto tudo o que não serás.
É o beijo final, epílogo da última amante,
é o beijo fatal, o sopro vertiginoso da morte.
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